(Antes da publicação do texto, uma lembrança, acrescentada posteriormente por sugestão da Picas: o André faz anos hoje. O rapaz tem spina bifida e faz parte, digamos assim, da estrutura da associação, seja pela participação assídua nas actividades da ASBIHP, seja pelo simples facto de ser um de nós. Merece, por isso, uma referência especial o seu aniversário, relativamente à qual aproveito para fazer uma sugestão: porque não criar uma lista de aniversários que pudesse servir o blog e a ASBIHP nestas situações? Ajuda precisa-se, portanto, de quem quiser ajudar.
Parabéns, André. E que o Sporting, parafraseando um grande treinador da nossa terra, se ao menos não ganhar que não perca. É o máximo que um adepto ferranho do FCP (eu!) pode dizer... )
Algumas situações complicadas não podem ser resolvidas contando apenas com o suposto bom senso e civilidade das pessoas que fazem por viver connosco. Ter uma deficiência pode ser tê-la sentido-a ou tê-la quase sem a sentir: e isso, em parte, depende dos outros e não apenas, como se pretende, na maior das partes, fazer crer, de nós próprios.
Sartre diria que o inferno são os outros. Eu acho que depende dos outros e da qualidade, digamos assim, do carvão.
Imagina-te numa fila de espera de um serviço público. Abres a porta do dito serviço e as pessoas mostram, subitamente, um semblante decrépito, como se por elas tivesse caído uma nuvem imensa de cansaço e nenhuma delas pudesse deixar-te passar à frente da fila. Por seu turno, os funcionários mostram-se subitamente interessados no trabalho que estão a desempenhar e tiram subitamente várias fotocópias, como se a máquina fotocopiadora tivesse sofrido uma convulsão e precisasse que eles, de costas para ti, a trouxessem de novo à vida. Tudo muito subitamente.
Das duas uma: ou vais dar uma volta (nunca sem antes respirar fundo, contar até 10 ou até 20 – consoante a humidade do ar – e rodares o pescoço fazendo estalar as vértebras, uma a uma) ou então gritas qualquer coisa como: Decreto-Lei 135/99, de 22 de Abril, I Série A do Diário da República n.º 94 do mesmo ano, ao n.º 1 do Artigo 9.º!
Já o fiz. Resultou. E não fui internado.
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