30 de maio de 2008

caixas multibanco acessíveis


Foi em 2006, em Vila Real.
Não sei se continua a ser. Se continua – que há-de continuar noutros lugares - sugiro quatro formas de interagir com esta caixa multibanco:

A primeira – subir a rampa. Ao começar a descê-la, travar a cadeira de rodas. Em princípio, é favorável manter a posição de descida, sem movimentos bruscos. Rezar.

A segunda (só possível em operações de levantamento de dinheiro ou consultas de conta) – subir a rampa. Descer a rampa com calma, introduzindo com toda a rapidez o cartão multibanco na ranhura do aparelho e, ao mesmo tempo, teclar o código secreto e a importância pretendida (ou o que mais se quiser naquele momento, mas sem exageros). Voltar a subir a rampa. Descer novamente e puxar o dinheiro ou o talão, sem esquecer de retirar, com calma e rapidez, o cartão multibanco.

A terceira – agarrar-se ao multibanco como se não houvesse amanhã. Esta pode correr mal.

A quarta – Esquecer o assunto.

imagem: sol.sapo.pt

29 de maio de 2008

rampas que atrapalham

A Spina Bifida é uma multidificência, com vários graus de compromisso ao nível da mobilidade e vários tipos e graus de lesão. Por isso, não é absolutamente necessário que seja assim, mas, em alguns casos, é: as pessoas com Spina Bifida podem ter que usar cadeira de rodas para se deslocarem.

Os arquitectos desenharam cidades pouco acessíveis e, na maioria dos casos, continuam, infelizmente, a fazê-lo. Se os degraus fossem obrigatórios, Lisboa, por exemplo, seria uma das cidades mais cumpridoras da Lei em todo o mundo.

Depois fazem-se rampas, aqui e ali, como se fossem exemplos de boas prácticas (uma expressão incrivelmente chata) mas como se fossem ainda mais que isso mesmo: exemplos. Meros exemplos.

Uma rampa, segundo as normas de acessibilidade definidas pela lei portuguesa (decreto-lei 163/2006, de 8 de Agosto), deve, por exemplo e para ser útil a quem delas precisa, ter 6% de inclinação e corrimãos de apoio em toda a extensão da rampa.

Mas há uma questão ainda mais importante que o estrito cumprimento destas regras, que deve ser observada antes de qualquer outra: a mobilidade reduzida não é uma condição exclusiva das pessoas com deficiência; as pessoas idosas ou com quaisquer dificuldades mais ou menos temporárias de mobilidade também precisam de rampas na via pública para se deslocarem.

As rampas servem a todos e são para todos mas, afinal de contas, parece que não são para nem servem a ninguém...

28 de maio de 2008

Instituições de Solidariedade Social obrigadas a deitar comida fora

Quem conhece relativamente de perto o mundo das Instituições Particulares de Solidariedade Social sabe que, quando há bares ou refeitórios ao serviço dos utentes daqueles serviços sociais, a comida servida não é, como nunca poderia ser, caviar, lampreia ou arroz de tamboril. No entanto, a ASAE – dita Agência para a Segurança Alimentar e Económica, exige que, nas cozinhas das Instituições, hajam os mesmos requisitos que as de um restaurante (seja ou não de luxo) e deita fora toda a comida congelada em arcas normais pelo facto das Instituições não terem arcas de congelação ultra rápida.

Mais: proíbe as instituições de aceitar alimentos dados pelas populações.

É difícil (e é profundamente triste) comentar este tipo de aberrações, quando, acima de tudo, sabemos que as Instituições de Solidariedade Social, apesar de não serem todas iguais, lutam pelo bem-estar de pessoas que se não estivessem ali estavam na rua, ou não comiam ou estavam na morgue em fase de congelação ultra rápida (em túnel de congelação devidamente certificado).

É triste, imensamente triste e desumano: mas é preciso dizer estas coisas e argumentar duramente contra a falta de argumentos de alguns, refugiada em leis obsoletas, normalizadas e conversadas, muito provavelmente, em alegres jantaradas num desses restaurantes finos de Bruxelas e acabadas noutros restaurantes da baixa de Lisboa.

Segundo o Público de 17 de Maio, Sandra Santos, técnica da Associação Recreativa e Cultural de Óis da Ribeira, pergunta: Quando a ASAE manda fazer obras, quem é que as paga? Mais ainda, põe em questão o essencial: Quando as pessoas querem dar alfaces, ovos, isso não devia ser proibido.

fonte: publico.pt

26 de maio de 2008

23 de maio de 2008

viajar sem deficiência


A quem ainda, e depois disto, apetecer viajar como se exercesse o direito à livre circulação no espaço europeu:

No portal de Direito da União Europeia, um dossier sobre Viajar com Deficiência. Regulamentos, Pareceres, Directivas e Resoluções, documentos que, na sua maioria, não foram ainda transpostos para as leis nacionais. Outras possibilidades de ser.

22 de maio de 2008

Combustíveis vs. Mobilidade


Há isenção ou redução de impostos como o IVA e o ISV: Mesmo assim, poucas pessoas com deficiência podem, aqui onde vamos (sobre)vivendo, comprar automóvel, embora outras pessoas não percebam isto e, igualmente, não percebam a razão pela qual há, nestes casos, isenção ou redução de impostos. É pelo facto mais óbvio do mundo: não há transportes acessíveis, como não há acessibilidade até e para os transportes.

Tanto aquelas pessoas com deficiência motora que ainda o vão podendo fazer como aquelas que, com mais ou menos esforço, vão utilizando os transportes públicos, sentem na pele o que é a constante subida do preço dos combustíveis. Não é só passar pela bomba e sentir que o depósito está quase na mesma depois de abastecer; é sentir o que é ter que empregar uma boa parte do ordenado – para quem se dá ao luxo de trabalhar - na compra do passe social ou numa data de cartões inúteis infinitamente recarregáveis e desmagnetizados.

Para as pessoas com mobilidade reduzida, o preço da gasolina e do gasóleo é sempre o mesmo: só que vai crescendo. Às vezes, compra-se a máquina ou a forma de usar a máquina; mas a forma de a alimentar é cara para todos, mesmo que alguns estejam dependentes da máquina: quanto mais não seja, os tais da mobilidade reduzida.

Coloquei, à coluna esquerda do blog, um indicador diário dos preços médios do combustível, via maisgasolina.com. Não resolve o problema, mas pode servir para pôr a pensar porque o raio num blog deste género está um indicador diário do preço dos combustíveis.

Ao menos isso.


imagem: via um dos que, muito provavelmente, são dos melhores sites do mundo - www.bloodforoil.org

21 de maio de 2008

Porque não? (é grátis)

A partir de Maio de 2008, o portal ajudas.com, em parceria com duas empresas - SetCom (distribuição, logística) e Concentra (produtos lúdicos) - oferece um brinquedo adaptado por semana a pessoas com deficiência motora severa, perturbações no desenvolvimento ou com necessidades de intervenção/estimulação precoce e que façam anos nessa semana.

Como, entre muitas outras, as crianças com Spina Bifida e/ou Hidrocefalia podem fazer parte, pelas suas características, do referido grupo, é importante dizer que, se lhes quiser oferecer um brinquedo adaptado às suas necessidades, deve enviar um e-mail para portalajudas@gmail.com, com...

. O nome da criança
. O género (masculino ou feminino)
. A idade
. O nome da mãe
. O tipo de doença/deficiência ou as suas principais dificuldades
. A data de aniversário
. A morada
. O contacto telefónico directo

Porque não? Não custa nada e as crianças agradecem.

fonte: INR

20 de maio de 2008

Até ao Fim



Fernando Nobre, Presidente da AMI – Assistência Médica Internacional em Portugal, médico que participou em mais de 100 missões humanitárias no mundo inteiro durante 24 anos, viu formalmente recusada a presença e a ajuda desta Instituição em Myanmar, a antiga República da Birmânia.
A recusa foi lavrada pela junta militar daquele País, que, entendendo representar o povo, prefere matá-lo e esconder a dimensão brutal da tragédia provocada pelo ciclone Nargis. Mesmo assim, a AMI pondera enviar cerca de €10.000 ao Arcebispo de Rangum, no sentido de, pela Igreja, poder chegar às pessoas.
Pouco mais há a dizer, a não ser que, o Hino nacional de Myanmar se chama Kaba Ma Kyei (em Gentílico, qualquer coisa como até o fim do mundo, Birmânia)

video: youtube.com

16 de maio de 2008

Spina Bifida: Pergunta e Resposta(s)


A questão que Sofia Leal pôs ao blog é pertinente. Por entender poder ser útil a outras pessoas que possam ter dúvidas semelhantes, perguntei-lhe se não se importava que publicasse o seu pedido de informação e a resposta (limitada) que lhe dei. Acedeu gentilmente ao meu pedido. Muito obrigado: que possamos ser sempre úteis uns aos outros.
A quem quiser acrescentar algo à minha resposta, só há, igualmente, que agradecer.

. Sou mãe de uma adolescente de 16 anos, portadora de spina bifida exposta.Felizmente, a doença quase não deixou sequelas visíveis, agora que ela tem de pensar no rumo a tomar para a sua vida a nível de carreira escolar. Gostaria de saber que tipo de trabalhos ela poderá um dia exercer. Poderá ela ter direito a algum tipo de subsídio complementar devido à doença? Em caso de o poder obter como posso fazer para requerer? obrigada pela atenção...

. Cara Sofia Leal, Muito obrigado, antes de mais, pelo seu interesse neste espaço.
Vou tentar ser sintético: a sua filha, e se diz que não possui sequelas de maior da lesão a que está sujeita, poderá exercer a profissão que quiser - no fundo, penso que aquilo que pretende saber é se, na verdade, existe algum tipo de função que possa ser prejudicial à saúde da sua filha. Desse ponto de vista, e perdoe-me o exagero, dificilmente poderá, por exemplo, seguir a carreira militar. Mas a verdade é que, uma vez aparecida a doença, a única coisa a fazer é seguir uma série de cuidados básicos que qualquer pessoa com necessidades especiais tem de ter consciência que existem.
Devo dizer que eu próprio tenho Spina Bifida. Faço relações públicas e, nas horas vagas, mantenho este blog. E nunca pensei fazer isto, nem coisa que se pareça!A melhor forma de poder ser útil à sua filha neste campo é dizer-lhe claramente que pode fazer o que quiser a nível profissional desde que se aceite enquanto alguém que, de uma ou de outra forma, é capaz de fazer algumas coisas com ajuda. E pode crer que as pessoas entenderão isso.
A segunda questão que põe... já não é tão fácil de resolver. Dependendo sempre do grau de incapacidade que nos for atribuído, poucos apoios temos que poderão usar verdadeiramente esse nome: existe, de um ponto de vista geral, a possibilidade de requerer um subsídio - complemento por deficiência - junto da Segurança Social. Existe também a possibilidade de, em caso de a sua filha não auferir qualquer rendimento, a própria solicitar o subsídio mental vitalício.
Genericamente, são estes os ditos apoios. No entanto, e para evitar chatices, más respostas e tempos de espera infindáveis e inúteis na Segurança Social, contacte o Instituto Nacional de Reabilitação, preferencialmente pela Linha Directa Cidadão-Deficiência. Os contactos estão em
www.inr.pt

imagem: free-online-word-search-puzzles.com

15 de maio de 2008

Blogging for Hope

Bloggers Unite


15 de Maio: o blog associa-se à blogging for hope, uma campanha que tem por objectivo promover o uso da liberdade de expressão, sem constrangimentos políticos, ideológicos, económicos ou outros que, por todas as formas, a possam limitar, tanto na internet, como em casa, como na rua, como no mundo inteiro.
Com responsabilidade, com coragem, com determinação mas, acima de tudo, com respeito pelo próximo: usando umas das máximas da aministia internacional - podendo não concordar com aquilo que dizes mas fazendo tudo para que o possas dizer.

Maio, 15: Join the revolution.

14 de maio de 2008

Memória-Semente


A Cristina Moura contactou o blog e fez algo que considero muito corajoso. A sua primeira promessa, pelo seu Irmão, foi plantar uma árvore. Faço hoje o mesmo, aqui – a árvore é da Andreia d’Oliveira, que lhe foi buscar a semente -, por ela e por todos aqueles que, por momentos ou por uma vida inteira, souberam e sentiram o que é ter rodagem, o que é ter coragem, o que é ter vida.

13 de maio de 2008


Por variadíssimas razões – mas essencialmente por causa da campanha de sensibilização que a ASBIHP, neste momento, promove – a procura e a utilização deste blog tem sido maior.
Quero apenas alertar para o facto de que, mediante os pedidos de informação, os comentários e as propostas de sócio feitos através do blog, sinto-me na obrigação – e outra coisa não seria de esperar – de ser tão rápido quanto possível nas respostas que puder dar e/ou no encaminhamento das solicitações que apenas podem ser resolvidas através da Sede ou das Delegações da ASBIHP.

Se, porventura, a resposta às questões aqui postas for, da minha parte (que é apenas parte de um todo que são os frequentadores deste espaço), mais lenta, peço desculpa. Este trabalho, sendo voluntário, é feito, na medida do possível, com regularidade: uma proposta feita de mim para mim, em direcção à associação e a todos, dentro ou fora dela – porque há vida para lá das letras e das imagens.
Que o blog passe por todos aqueles e aquelas que vierem por bem, no sentido de ser um blog útil. Uma das formas de tal poder, na verdade, acontecer é falar o menos possível do blog no próprio blog: é por isso que este texto é, no fundo, contraditório.
No entanto, impunha-se, e obrigado a todas e a todos que por aqui estão.

[Clifford Ross, fotógrafo - a fotografia supra, "Waves", é da sua autoria - fala da possibilidade de existir uma fórmula para a boa arte e para a capacidade de inovar, composta por quatro ingredientes essenciais: curiosidade / persistência / prontidão para lidar com o inesperado / capacidade e interesse em colaborar.]

12 de maio de 2008

Spina Bifida Occulta


Dado terem surgido algumas questões relacionadas com Spina Bifida Oculta nos últimos comentários e perguntas dirigidas aos leitores do blog (ver “ultimos comentários”, na barra esquerda deste espaço), pode ser importante referir que...

por um lado, este tipo de Spina Bifida é de todos o mais comum – afecta entre 5 a 10% da população mundial – e, ao mesmo tempo, é o que menos complicações traz.

Por outro lado, em média, apenas 1 em cada 1000 pessoas pode ter complicações mais ou menos sérias associadas a esta condição, como dores musculares (sobretudo nas costas), deformações nos pés, diminuição da força ou da sensibilidade nas pernas, problemas de motricidade fina (dificuldade, por exemplo, em segurar objectos ou fazer desenhos), infecções urinárias ou incontinência ligeira. Mas tudo isto acontece, de facto, muito raramente.

Por vezes, há necessidade de operar: mas a verdade é que a intervenção cirúrgica é normalmente usada para, descomprimindo a zona inferior e tensa da coluna vertebral, minorar as dificuldades sentidas e não, de facto, para as resolver por completo.

A Spina Bifida Oculta é uma espécie de forma primária de Spina Bifida: o momento em que existe uma pequena falha entre duas ou mais vértebras da parte mais baixa da coluna. É, normalmente, descoberta por acaso, quando há necessidade de fazer radiografia à coluna ou qualquer outro exame deste tipo. Há muita pouca informação relativa à Spina Bifida Oculta, sobretudo em Língua Portuguesa. Nalguns sites de outras associações – no caso, o site da Associação Britânica de Spina Bifida e Hidrocefalia - ASBAH, onde investiguei e colhi parte destas informações – há informação credível e devidamente tratada e preparada para todos.

dados: ASBAH
imagem: Armando Castillo

8 de maio de 2008

Prestações por Deficiência e Dependência, versão 2008

É revogada a Portaria n.º 421/2007 pela publicação de uma outra, a Portaria n.º 346/2008, de 2 de Maio. Estabelece os montantes das prestações por encargos familiares e das prestações por deficiência e dependência a vigorar este ano.

pode ser consultada aqui (formato PDF), ou aqui (formato .htm, de leitura simplificada).
Não há muito a dizer sobre estas alterações, até porque o termo "alterações" é relativamente forte:

bonificação por deficiência até aos 14 anos: + €1,92
bonificação por deficiência dos 14 aos 18 anos: + €3,24
bonificação por deficiência dos 18 aos 24 anos: + €4,33
subsídio mensal vitalício: + €6,61
subsidio por assistência de terceira pessoa: + €3,30

em média, e no que respeita às prestações directamente relacionadas com as pessoas com deficiência e suas famílias, subiram €3,88.

Palavras para quê?

(nota: o sublinhado relativo ao aumento do valor do subsídio por asistência de terceira pessoa deve-se ao facto de considerar que €3,30 são, na verdade, um verdadeiro estímulo ao voluntariado e às pessoas que querem ajudar outras pessoas)

dados: dre/INR

7 de maio de 2008

Concurso “Cartaz 3 de Dezembro de 2008 / Dia Internacional das Pessoas com Deficiência”



O Instituto Nacional de Reabilitação (INR) promove um concurso que tem por objectivo promover o melhor trabalho gráfico respeitante ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência – 3 de Dezembro.

O trabalho premiado será o motivo do cartaz do INR comemorativo do dia para o ano de 2008.
As inscrições estão abertas até ao dia 1 de Julho do corrente ano e os trabalhos deverão ser enviados para a sede do Instituto Nacional de Reabilitação, à Av. Conde de Valbom, 63 - 1069-178, em Lisboa.

Os pormenores do concurso e requisitos exigidos aos trabalhos estão no regulamento do concurso (um documento de fácil leitura). Um dos requisitos prende-se com a necessidade com a necessidade da colocação do logotipo do INR nos trabalhos a concurso. Está mesmo aqui por cima e é só fazer a cópia da imagem.

O prémio: €500. E, como é óbvio, a satisfação pela sua conquista.

fonte e imagem (logo): INR

6 de maio de 2008

campanha de sensibilização ASBIHP - dias 6 a 11 de Abril


A campanha ASBIHP de sensibilização para a Spina Bifida continua. Está na web, em jornais, na rua e na televisão - agora na SIC, primeiro canal de televisão privado em Portugal.

A agenda da campanha para os próximos tempos, em jornais e revistas nacionais:

  • hoje, dia 6: DN (pág. 47)
  • dia 9, sexta-feira: TV Guia (pág. 77)

A comprar, a divulgar, a aprender e a ensinar.
Com todos, para todos.

imagem: icondrawer.com

5 de maio de 2008

Sensibilização para a Spina Bifida

Foi no dia 21 de Abril, no Palácio das Galveias, em Lisboa: lançamento da campanha ASBIHP de sensibilização para a Spina Bifida.




fonte: youtube.com/asbihp.pt

2 de maio de 2008

Da Jamaica para o Mundo


Pessoas com deficiência: entre 650 a 780 milhões de pessoas no mundo, segundo dados do departamento de estatística das Nações Unidas. 10 a 12% da população mundial. Muita gente, portanto.

Talvez por isso, a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência tenha sido o tratado sobre Direitos Humanos mais rapidamente negociado em toda a história das organizações.
Nada propriamente mau, é certo, mas há que esperar: há que saber, por exemplo, se os 127 países que já assinaram, até à data, o acordo, vão mesmo cumpri-lo.

O tratado será oficialmente ratificado amanhã. No entanto, há ainda que saber se estes 127 países irão assinar um outro tratado internacional – o Protocolo Opcional à convenção. 71 já o fizeram. O Protocolo estabelece a possibilidade de qualquer pessoa – com ou sem deficiência - poder, esgotados os meios nacionais de reivindicação dos seus direitos, recorrer às Nações Unidas de modo a que o tratado não seja apenas um papel com letras. O Protocolo estabelece, ainda, a possibilidade das Nações Unidas verificarem na práctica se a convenção está, de facto, a ser aplicada em cada um dos países que disseram “que sim”.

Uma convenção deste tipo é um documento de princípio, pensada por países em que ainda haverá princípios, que apenas pode ser encarada como útil se servir de base a legislação para cumprir e não apenas, como muito, mas mesmo muito de perto se faz, para decorar.

Um dado interessante: o primeiro país a assinar e a ratificar a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e o Protocolo Opcional - fê-lo logo no primeiro dia em que pôde - foi a Jamaica...

fonte: UN

1 de maio de 2008

1 vírgula 5 de Maio e meio


Samuel Parnell, nascido em Londres em 1810, chateou-se. Era muito trabalho para um dia só, muitas horas a fazer a mesma coisa. Muitos patrões. Pouco dinheiro.

Formou um movimento, com homens interessados em fazer perceber que a vida não era só ali, que a vida num dia, num espaço de tempo de 24 horas, podia ser dividida em três: 8 horas para dormir, 8 para trabalhar, 8 para descansar.

Alguns anos, algum sangue e algumas mortes depois, fez-se do dia 1 de Maio um feriado – o dia do trabalhador, celebrado em alguns países do mundo; ora a trabalhar, ora a celebrar o trabalho. Ora a trabalhar.

Hoje, talvez pudesse fazer ainda mais sentido continuar a celebrá-lo, se Samuel Parnell não estivesse já desempregado pela morte e pelo esquecimento, ou morto de cansaço por andar à procura de trabalho, ou mesmo apagado de tédio e de vontade de mudar a vida, ou mesmo com vontade, por exemplo, de criar o dia do trabalho temporário.