28 de maio de 2008

Instituições de Solidariedade Social obrigadas a deitar comida fora

Quem conhece relativamente de perto o mundo das Instituições Particulares de Solidariedade Social sabe que, quando há bares ou refeitórios ao serviço dos utentes daqueles serviços sociais, a comida servida não é, como nunca poderia ser, caviar, lampreia ou arroz de tamboril. No entanto, a ASAE – dita Agência para a Segurança Alimentar e Económica, exige que, nas cozinhas das Instituições, hajam os mesmos requisitos que as de um restaurante (seja ou não de luxo) e deita fora toda a comida congelada em arcas normais pelo facto das Instituições não terem arcas de congelação ultra rápida.

Mais: proíbe as instituições de aceitar alimentos dados pelas populações.

É difícil (e é profundamente triste) comentar este tipo de aberrações, quando, acima de tudo, sabemos que as Instituições de Solidariedade Social, apesar de não serem todas iguais, lutam pelo bem-estar de pessoas que se não estivessem ali estavam na rua, ou não comiam ou estavam na morgue em fase de congelação ultra rápida (em túnel de congelação devidamente certificado).

É triste, imensamente triste e desumano: mas é preciso dizer estas coisas e argumentar duramente contra a falta de argumentos de alguns, refugiada em leis obsoletas, normalizadas e conversadas, muito provavelmente, em alegres jantaradas num desses restaurantes finos de Bruxelas e acabadas noutros restaurantes da baixa de Lisboa.

Segundo o Público de 17 de Maio, Sandra Santos, técnica da Associação Recreativa e Cultural de Óis da Ribeira, pergunta: Quando a ASAE manda fazer obras, quem é que as paga? Mais ainda, põe em questão o essencial: Quando as pessoas querem dar alfaces, ovos, isso não devia ser proibido.

fonte: publico.pt