28 de agosto de 2007


Sendo a dor, em sentido lato, algo de difícil descrição, não é menos verdade que acontece em nós com mais ou menos frequência e intensidade. Existem dores objectivas – palpáveis, localizadas, intrínsecas ao momento do corpo.

Por outro lado, existem dores menos objectivas. Igualmente intrínsecas ao corpo, não estão objectivamente ligadas à nossa armadura como elos de uma cadeia que o sustenta, como se nos movêssemos no fio da navalha.

A segunda dor , digamos, é uma dor funda, persistente, incomparavelmente uma dor de máscaras, mais que uma dor de afecção à forma de, sensivelmente, nos acharmos dentro de nós.

Algumas dores sinalizam. Localizam, como nos localizam perante a necessidade de nos defendermos do nosso próprio corpo. Outras, no entanto, acusam-nos ao fundo da existência e persistem, quase anonimamente, onde começamos e onde terminamos, para nós e para os outros, dentro dos outros, às vezes fora de nós.

Uma das manifestações mais sentidas desta segunda forma de doer é a depressão. De difícil diagnóstico, é normalmente associada a uma forma de estar em nós nos outros como se neles estivéssemos como espinhos. Havendo quem, por empatia, se sinta a doer connosco, outros, por simpatia, vêm na depressão uma lamúria, um bocejo, uma impertinência da existência. É aqui que morremos neles, nos outros, e crescemos e nos aliviamos em quem, dos outros, se revê em nós.

Dores de fora, dores de dentro: a depressão, num certo sentido, nunca será objectiva, porque ela própria é fora de quem a sente. Sendo interior, é externa à razão. E é por isso que vamos ao médico quando sentimos que a depressão, talvez pela sua irracionalidade intrínseca, já se terá tornado invisível aos nossos olhos de ver (como se quiséssemos ver o céu olhando para o alto pela planta dos nossos pés).

Uma pequena ajuda que pode ser, com muita sorte, o início do primeiro passo: encontrá-la, para a poder, caso seja possível, destruir. Ou, pelo menos, para a poder parar. Aqui estão os sintomas, embora a consulta do prospecto informativo não dispense a ida ao médico, valha o que isso possa valer.

.Infecções graves
.Mau funcionamento da válvula (shunt) para tratamento da hidrocefalia
.Mudanças de apetite
.Alteração dos padrões de sono
.Dificuldades de concentração na sala de aula
.Alteração súbita das rotinas diárias (por exemplo, a falta de interesse por tarefas normalmente consideradas agradáveis)
.Desconcentração geral
.Linguagem gestual reveladora de ansiedade
.Apatia generalizada
.Atrasos no desenvolvimento psicomotor (falta de fluidez verbal)

fonte (sintomas da depressão): asbah.org (congénere britânica da ASBIHP)