19 de dezembro de 2007


Resiliência: um conceito muito interessante, oriundo da Física (do início do séc. XIX), posteriormente adaptado às ciências sociais.

No essencial, como conceito da Física, resiliência é a capacidade de um material, após ser submetido a pressão, voltar ao seu estado habitual. Imagine-se uma mola que, quando submetida a pressão, se agita mas, após algum tempo, regressa, digamos assim, ao seu estado normal: é como se fosse isto, ilustrado.

Como conceito aplicado às ciências sociais, a resiliência é a capacidade de um indivíduo, quando submetido a algum tipo de pressão, regressar ao seu estado original. Mais ou menos como na Física, é como se o material de que uma pessoa é feita a obrigasse a regressar a si própria, à forma como deve ser.

Na Física, ninguém sabe muito bem como isto funciona. É, e continuará, pelo menos por agora, a ser estranho que um material tenha como uma espécie de memória incorporada originária que o leve, mesmo depois de pressionado, a regressar à exacta posição de partida. Nas ciências sociais, idem: o enigma (será antes um mistério?), permanece.

Imagine-se, agora, o estudo das possibilidades da resiliência aplicado a alguém que sofre um trauma: um acidente, uma doença grave, uma transformação súbita do seu quotidiano, e que, numa altura impossível de adivinhar, regressa a si própria. A resiliência humana, enquanto regresso do outro a si próprio, pode explicar, mesmo que numa percentagem mínima, a aceitação face à transformação física e social, que é como quem diz, por exemplo, à deficiência.

Estar consciente que o nosso corpo (e mesmo o nosso cérebro e mesmo as nossas ideias) são uma espécie de material de capacidades infinitamente resilientes pode, quem sabe, ajudar...


imagem: betterbraces.com (adapt.)