1 de fevereiro de 2008


Pode escrever-se sobre mil e uma coisas, mas há coisas muito mais importantes que outras e que merecem, sem possibilidade alguma de discussão, ser reveladas. Ser gritadas.

No Haiti, país da região do Caribe, existiam, em 2006 e segundo dados do Banco Mundial, cerca 8,6 milhões de pessoas. Em 2005, a taxa de mortalidade infantil era de 8,3 em cada mil nados vivos com menos de um ano de idade e de 120 em cada mil nados vivos com menos de cinco anos de idade. Nesse mesmo ano, entre os 15 e os 49 anos – um ano a menos da esperança média de vida dos Haitianos, a taxa de prevalência de HIV situava-se nos 3,8%. Continuando, a título de curiosidade, quase mórbida: o tempo médio para se começar um negócio é de cerca de 203 dias.
Dados estatísticos sobre instrução primária, secundária ou outra: não existentes.

Charlene, 16 anos, mãe de um bebé com um mês, o Woodson, que nasceu com 2 quilos e pouco: Quando a minha mãe não cozinha nada, tenho que comê-las umas três vezes por dia. Mesmo assim, Agrada-me o sabor a manteiga e sal. Mas não sei, não sei, dão-me dores no estômago. Quando amamento e o bebé já as comeu, o bebé também me parece que fica com cólicas.

Cajeuñe, de 11 anos, mostra a língua, queimada por as comer quando tem que ser e que, por acaso, é quase sempre. Fico com a boca sequinha. Tira-me a fome.

São bolachas de LODO, confeccionadas com terra, sal e azeite vegetal, aquecidas nas terras tórridas daqueles solos e vendidas nas ruas.

No séc. XVII, o Haiti era a mais rica colónia francesa na América, graças ao café, ao açúcar e ao cacau. Hoje, é o País mais pobre da América Latina, onde, muito provavelmente, não se ouvirá falar, por exemplo, de Spina Bifida, de Hidrocefalia, de fortificação dos alimentos ou, quem sabe, de pessoas nos próximos três séculos.
imagem: esmas.com