1 de abril de 2008

Untitled@2008


As minhas relações são estranhíssimas. Faço mais facilmente amizades com mulheres que com homens. Não sou como esses gajos da universidade, que só falam de mulheres. Ok, também olhos para as mulheres, mas não quero tudo o que vejo. Toda esta conversa homem/mulher assusta-me um bocado. Tenho 23 anos e ainda não sei o que é um encontro a dois ou o que seria dizer qualquer coisa como esta é a minha namorada. As minhas amigas dizem-me que um dia destes ainda vou encontrar alguém. Devo ter sido algum filho da mãe entre as mulheres na minha vida passada, e o meu karma vai-me perseguindo. Vejo-me bastante mais velho, e só, a vasculhar a pornografia toda.

O que é o amor? É quando já experimentaste tudo o que associas ao mundo? Já amei algumas mulheres, sempre a pensar nelas, sempre à espera de passar algum tempo com elas, sempre a pensar nas pequenas coisas que elas iam fazendo e no que poderíamos partilhar. Não marco encontros. Vou-me distraindo com elas. Quando começo a passar o meu tempo com uma mulher, a preocupar-me com ela, alguma coisa lá deve acontecer e torno-me no melhor amigo dela. Acho que relacionar aqui o Dan com o sexo é uma coisa para lá desta galáxia. No entanto, o que sinto pelas mulheres não muda quando nos tornamos os melhores dos amigos… Não sei muito bem o que isso possa significar…

Faço uma data de merdas supostamente românticas, jantares românticos, falar até doer até ao final da noite, vamos ao chinês, despejo garrafas de vinho e pomo-nos a ver filmes de terror como se não houvesse amanhã. Mas isso nunca me leva a lado nenhum. Mas, ao mesmo tempo, é uma coisa boa, uma coisa boa naquele momento. Depois penso: isto é normal, isto foi muito? Pá, penso muito. Acho que aquilo tudo, para a maioria das pessoas, dava em sexo. Podia continuar e continuar e insistia nesta coisa do ser romântico. Gostava de prová-lo, mas tenho sempre medo de meter água e estragar a bela da amizade. O que é o amor senão uma palavra de quatro letras? Há tantos sentidos para a palavra, uma palavra tão usada de tantas e tantas maneiras, de maneira tão livre…

Dan Keplinger, artista plástico

(Dan Keplinger nasceu em Baltimore, nos Estados Unidos da América. Tem 35 anos. Um site, e mais outro. Fez o argumento e foi protagonista de um documentário intitulado “King Gimp”, a alcunha pela qual gosta de se tratado. O filme ganhou o Óscar para melhor documentário de curta-metragem em 1999.)

texto: hbo.com/kinggimp (tradução livre)
foto: abm-medien.de