31 de janeiro de 2008


São muitas e de difícil resposta as dúvidas dos alunos com deficiência e dos seus encarregados de educação quanto à integração escolar. Os problemas podem ser vários: desde entrar na escola (a falta de acessibilidades) até sair dela (a falta de aproveitamento), tudo é possível.

Revogando, entre outras, uma lei de 1991, o Decreto-Lei nº3/2008, de 7 de Janeiro, define quais serão (ou, precisando os termos, quais deverão ser...) os apoios especializados dirigidos a pessoas com deficiência na educação pré-escolar e no ensino básico e secundário (ramos público, privado e cooperativo).

Em Portugal, a legislação especialmente dirigida às pessoas com deficiência é extensa mas, na maior parte das vezes, lata (a sua forma de aplicação depende de uma quantidade infindável de outros meios de legislar). De qualquer modo, esta legislação vai permitir saber quais são as formas de melhorar, sendo isso possível - isto é, orçamentável -, a inclusão escolar.

fonte: INR
imagem: bonhney.com.br (adaptado)

30 de janeiro de 2008

Nem de só de Spina Bifida, Hidrocefalia e outras malformações e condições associadas se fala aqui. Este blog tenta focá-las de forma mais directa, mas, e isto é apenas um exemplo, alguém com Spina Bifida pode ser surdo, cego (ou invisual, como se quiser) ou possuir qualquer outra deficiência não directamente relacionadas com as normalmente aqui abordadas.

É por isso que, e já que estamos num mundo de várias linguagens e formas de expressão, é fundamental lembrar que a Língua gestual existe, é usada segundo por segundo por vários milhões de pessoas em todos o mundo (não necessariamente surdas) e pode ser conhecida por quem nela tiver interesse e necessidade.

A Língua gestual varia, como idioma próprio, de sítio para sítio. A norte-americana, explicada de forma muito resumida mas também muito interessante, pode ser vista aqui, neste excelente site criado com o objectivo de melhorar os elos de comunicação entre a escola e as pessoas com necessidade de recurso a esta forma de comunicação.

Porque não, se é que ainda não existe, fazer um site com estas características para o nosso idioma?



Nota: mea culpa - emendei, pr sugestão de um técnico e amigo, o termo linguagem gestual para língua gestual. É o termo adequado. Por outro lado, existe um site similar ao indicado, mais elaborado, onde podem, efectivamente, ser visualizados os gestos próprios do idioma luso. E não só.

( obrigado! ;-) )


29 de janeiro de 2008


Heinrich Heine, Poeta Alemão do séc.XIX, disse, em plena época do Romantismo, algo extraordinário: Deus perdoa sempre; é o seu trabalho.

Quando era mais pequeno, contavam-me que iria para o Céu. Tinha uma ideia um pouco estranha do Céu: imaginava bancos brancos, alinhados fila por fila e separados por espaços vazios de cerca de 15 cm, ocupados por pequenos vasos, acinzentados e esguios, que serviam de cinzeiros (e eu tinha uns 15 anos…) a quem, abancado, esperava. A espera era indeterminada; os abancados (gramaticalmente, sinónimo de fugitivos) esperavam por algo, mas esperavam com um semblante de quem sabia do que estava à espera. Tinham quase todos uma ligeira torção no nariz.

Eu, espectador, via-os sem que me vissem, sabendo que aquele, um dia, seria uma espécie de destino meu, uma espécie de destino final de férias (porque eu nasci cansado), eventualmente transitório. Os bancos eram brancos, branco cor de hospital, e não havia chão. Tudo o resto eram variações azuladas de um tema que, a não ser azul, seria cor-de-rosa. Ou talvez coisa para ser amarelo, amarelado, não sei.

Quando era pequeno, contavam-me que iria para o Céu. A justificação era simples: tens dificuldades que não conseguirás, realmente, superar (o que, hoje e agora, subscrevo inteiramente) e o Céu será a tua forma de compensação.

Como se Deus me pedisse desculpa e me garantisse o Céu. Como se isso fosse, de certo modo, o seu trabalho.

imagem: Heinrich Heine, wikipedia

28 de janeiro de 2008


segundo o blog da Wired, um dos magazines mais interessantes no mundo inteiro (foca, no essencial, praticamente tudo...), já existem serviços sexuais especializados dirigidos a pessoas com deficiência ou qualquer outro tipo de incapacidade no Japão.

Confesso que me é difícil especificar, exactamente, quais são: primeiro, porque a língua Japonesa não é exactamente o meu forte; segundo, porque devem ser mais que muitos.

Penso já ter referido esta possibilidade, anteriormente, no blog. No entanto, não me parece ser demais acentuá-la como possibilidade e, logo, como mera informação: estes serviços existem (como, aliás, deverão existir já na Europa e noutras partes do mundo) e, em boa verdade, segundo informações retiradas de fóruns ligados à deficiência e à sexualidade (uma pesquisa muito rápida em motores de busca pode confirmá-lo), têm uma forte procura.

Sem querer fazer considerações sobre a existência desta possibilidade (penso que nem eu nem ninguém tem o direito de o fazer), julgo que a existência destas formas de busca de prazer e de conforto (como tantas outras) deveriam ser menos ajuizadas (isto é, interpretadas do ponto de vista valorativo) por parte de alguns técnicos de saúde do planeta. Porquê? Porque a qualidade do acto não é mensurável, não é imutável, não é um mero dado empírico laboratorial. A sexualidade não é uma escala de valores e nenhum de nós, com todo o respeito pelos ratinhos, não é ratinho.

Falar de sexualidade do ponto de vista da deficiência é uma questão que aumenta exponencialmente de interesse de hora a hora do dia, todos os dias, todos os meses, todos os anos, todas as décadas, bem como aumenta a necessidade de confrontarmos, nós, o mundo com a realidade de que não somos amebas.

O confronto (no melhor sentido da palavra) com o outro é uma afirmação da natureza humana. Mas todos nós, mesmo que não sejamos portadores de deficiência, temos formas felizmente desiguais de afirmar, de pôr e de sentir.

notícia: blog.wired.com

25 de janeiro de 2008


As CERCI’s – Cooperativas para o Ensino e Reabilitação de Crianças Inadaptadas – estão presentes em vários pontos de Portugal. São instituições de apoio social a pessoas com deficiência (não necessariamente deficiência mental) com décadas de existência (a primeira CERCI foi fundada em Lisboa, em 1975).

Como muitas outras, lutam para vingar a sua existência num mundo cada vez mais ensimesmado, menos voltado para as causas sociais de mérito.

No entanto, é meritório o trabalho que algumas destas Instituições têm vindo a desenvolver, cada vez menos interior, cada vez mais voltado para a comunidade. Um exemplo a ter em conta é a CERCI de São João da Madeira, Cidade portuguesa do Distrito de Aveiro, no Norte de Portugal, que organiza agora um curso de formação intitulado “Sexualidade na Deficiência”. Essencialmente técnico, mas com certeza humano, o curso lidará, todos os Sábados e Quartas-feiras entre 9 de Fevereiro e 5 de Março deste ano, com questões ligadas a estes ramos muito específicos do conhecimento mas, por outro lado, cada vez mais importantes.

Se contabilizarmos, por exemplo, os acidentes rodoviários com feridos graves e as consequências, mesmo a curto prazo, destas ocorrências, a plateia deveria, pelo menos, ser grande. Bastante grande.

Pormenores? Aqui, neste excelente blog a que já fiz referência anteriormente.

fonte:
sexualidademedular
foto: steven lungley, fotógrafo Canadiano

24 de janeiro de 2008

À partida, pode não parecer relevante mas, segundo este estudo, elaborado pela Fundação March of Dimes e os serviços do Departamento de Saúde Pública do Texas (EUA), é: existe uma relação concreta e apurada entre a classe social dos futuros pais de crianças com Spina Bifida (e/ou Anencefalia) e o aparecimento destas malformações.

De acordo com dados do Estudo Nacional Norte-americano para a Prevenção das Malformações Congénitas (National Birth Defects Prevention Study), cruzados com informação de carácter social (habilitações literárias, qualificação profissional e rendimentos) e dados genéticos dos progenitores, os pais (sexo masculino) com profissões ligadas ao uso continuado das mãos e operadores de máquinas são aqueles de maior associação ao aparecimento de filhos com Spina Bifida.

Por outro lado, tantos os pais como as mães com habilitações literárias mais baixas surgem associados ao surgimento de fetos com Anencefalia.

Este estudo revela, em conclusão, ser possível, entre a população norte-americana, estabelecer associação entre o nível sociocultural dos progenitores e o aparecimento destas e outras malformações congénitas, como lábio leporino ou alterações morfológicas do foro cardíaco.


imagem: troll-urbano.weblog.com.pt (adapt.)

22 de janeiro de 2008


O organismo norte-americano responsável pelo controle e prevenção da doença (centers for disease control and preventionCDC) compila, semanalmente, informação obtida por parte dos vários departamentos estatais de saúde dos Estados Unidos relativa à ocorrência de uma determinada patologia.

Todas as sextas-feiras, por seu lado, essa informação é disponibilizada aos cidadãos através de um relatório semanal sobre morbilidade e mortalidade (Morbidity and Mortality Weekly Report -MMWR).

O relatório de 11 de Janeiro é, no contexto deste blog, um pouco mais importante que os outros – fala-nos da prevalência de Spina Bifida e Anencefalia nos Estados Unidos e de outros dados estatísticos complementares relativos à prevenção destas malformações do tubo neural, nomeadamente o recurso ao ácido fólico por parte das futuras mães e o impacto ligado à fortificação de alguns alimentos com esta vitamina essencial.

Mais um dado científico importante, que mostra, caso ainda fosse preciso, mais uma vez a importância que os Estados Unidos têm na investigação sobre as causas e a prevenção relativas à Spina Bifida.

O documento pode ser consultado no site da IF – Federação Internacional para a Spina Bifida e Hidrocefalia, aqui.

21 de janeiro de 2008


Cascais, uma Vila Portuguesa com cerca de 180.000 mil habitantes, é o sétimo Concelho com mais riqueza per capita da Europa. Apesar de tudo, moram lá pessoas, pessoas que, fazendo justiça à igualmente assimétrica distribuição da riqueza pela população mundial, não são, como muitas outras são, necessariamente ricas. É certo que a existência de um Centro de Saúde estafado, obsoleto e incapaz, na maior parte das vezes, de servir com dignidade pessoas poderá não ser um problema para uma parte da população; para outra, incapaz de chegar a tempo a São José ou a Santa Maria ou suportar os custos do Hospital Inglês ou do da CUF, é-o.

Sabe-se que pelo menos dois centros de saúde pertencentes a este concelho estão, há cerca de um ano, por inaugurar. Só não se sabe, na verdade, porque razão não foram ainda inaugurados.

O site do velho - na verdadeira acepção da palavra – centro de saúde de Cascais informa que, por definição, um centro de saúde é a Unidade Básica do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que se constitui como primeira responsável pela promoção e melhoria dos níveis de Saúde da população onde está inserida. Informa, ainda, que, e volto a citar, um Centro de Saúde é a primeira porta a que deve bater sempre que necessite de Cuidados de Saúde.

Seria assim, se a porta, em alguns lados, pudesse ser aberta…

fonte: tsf

17 de janeiro de 2008