31 de maio de 2007



Três meses depois, este blog continua a ter por vista, como objectivo essencial, a divulgação das actividades da ASBIHP, a divulgação da particularidades relativas à Spina Bifida e à Hidrocefalia enquanto condições de vida e a prevenção, quando possível, destas malformações: No entanto, escrevemos, voltamos a escrever e acabamos por sentir (e, eventualmente, criar) um vocabulário relativo a estes assuntos, como se da Spina Bifida brotasse uma linguagem própria que atravessa (palavra que admiro particularmente) a deficiência. Ou esta deficiência.

Depois, quase sem querer, tocamos outras pessoas, outras culturas, fazendo justiça ao poder incalculável da internet e ao alcance inimaginável que as nossas palavras, às vezes, tomam. Neste sentido, pelo menos estatisticamente, o povo Brasileiro tem dado, como o Português, um forte contributo ao desenvolvimento deste espaço, visitando-o.

São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Natal, Salvador, Belo Horizonte, Florianopólis, Porto Alegre, Niterói, Uberlandia, Campinas, Goiania ou Oriente têm sido algumas das cidades que frequentemente estão presentes no mapa de visitas deste espaço. Representam já 23% dos nossos visitantes. Quem nos visita faz este blog: por isso, não hesitem em pedir, se o entenderem, informações sobre tudo aquilo que entenderem: mesmo tudo!

Tanto quanto sei, a forma de prevenção, estudo e acompanhamento das deficiências é feita de uma forma mista, sem se registarem grandes diferenças na abordagem dos defeitos do tubo neural, a paraplegia e, por exemplo, a spina bifida. Gostava de saber mais sobre isto, bem como gostava que o blog atingisse, se é que não atinge já, parte da grande comunidade de cidadãos Brasileiros residente em Portugal. Haverá pessoas com Spina Bifida oriundas do Brasil a residir em Portugal?

A spina bifida, mais que um defeito, é uma característica. Esta não é das melhores características, daquelas que se engolem facilmente no interior do reduto existência. É um bicho complicado, duro pr'a caramba, diriam em terras de Vera Cruz. É isso, galera... :-)

Mas come-se. Isto come-se, com o tempo.

Imagem: Plenarinho

Um dia destes, enviei um e-mail a Amy Blanchard, autora de um dos blogs mais interessantes que conheço relacionados com Spina Bifida, versando particularmente um tema ainda muito pouco abordado em Portugal e no mundo: a maternidade/paternidade das pessoas com deficiência. Pedi-lhe um texto: algumas palavras sobre o que sentia a partir da sua experiência de vida. A Amy é mãe de uma criança que olha para ela de igual para igual, fazendo jus àquela ideia de Pessoa, quando escrevia que somos da tamanho daquilo que vemos e não do tamanho da nossa altura.

Fica o texto e a tradução, digamos, possível. O outro, da troca, está no blog da minha amiga Amy.

Ah - ela, a Amy, tem Spina Bifida.

Na semana que passou estive a ver um interessante programa de televisão. Era relacionado com a vida de um soldado norte-americano que, recentemente, esteve presente na actual guerra contra o Iraque, e que, agora, recupera das feridas que a guerra lhe causou. Especificamente, este soldado perdeu um braço nas lutas que travou e estava agora a aprender como trabalhar com um braço mecânico e a viver a vida de uma forma diferente.

Ah, outra coisa – Este soldado era uma mulher.

A determinada altura, o entrevistador perguntou-lhe se tinha, agora, uma boa vida social. Se tinha namorado. Se pensava em ter filhos.

Sim, sim e não sei eram as respostas que ia dando. Sim, a sua vida social era óptima, tinha um namorado maravilhoso. E sim, adoraria ter um filho um dia destes. Mas ela não sabia. Ela não tinha a certeza se a criança poderia amá-la como ela era – uma mãe “partida”, só com um braço.

Fiquei muito triste por ouvi-la dizer aquilo. Triste e chocada. Que dura estava ela a ser para ela própria!

Uma criança amará os seus pais. Sejam eles saudáveis, Tenham alguma deficiência, estejam em casa, estejam fora, sejam brancos, pretos, púrpura ou azuis. Intuitivamente, uma criança entenderá muitas coisas – inclusive como amar. Sugerir que o nosso próprio filho não nos amará porque só temos um braço ou porque usamos uma cadeira de rodas ou canadianas ou (como eu própria) uma bengala, ou porque temos uma deficiência física ou mental parece-me ridículo. A minha filha ama-me inteiramente. Ela ouve-me, brinca comigo, e sabe o que eu sou e se estou ou não apta a fazer isto ou aquilo. As outras crianças do pré escolar olham para mim e fazem-me perguntas sobre as minhas órtoteses e a bengala. Mas a minha filha nunca me olhou de lado. Nunca fez perguntas. Sou a sua mãe, de forma pura e simples. Amo-a, tomo conta dela, brinco com ela. E é só disso que ela se importa – é tudo o que importa a uma criança.

Depois, umas duas semanas atrás, o João mandou-me um e-mail com o seu texto (que agora publico no meu blog, aqui, hoje mesmo) sobre o que é ser um homem com Spina Bifida num país como Portugal. Queria saber se ele gostaria, um dia, de ser pai. Se sabia se outros adultos com Spina Bifida em Portugal eram pais. Como era a vida de um pai com esta deficiência nesse país.

Fiquei, novamente, muito triste ao ler que, tanto quanto ele sabia, muito poucos adultos com Spina Bifida em Portugal eram pais. E ele é membro da direcção da associação Portuguesa para a Spina Bifida e Hidrocefalia – ASBIHP! Foi muito triste saber que, genericamente falando, os adultos com deficiência não têm nem informação, nem encorajamento nem os recursos necessários disponíveis para ir ao encontro dos seus sonhos de constituir família.

Sinto que cada um de nós que queira ser mãe ou pai deve estar apto para isso. Sim – Pesquisem. Encontrem o apoio necessário. Percebam naquilo em que se estão a meter. Deverão recorrer à adopção ou estão aptos a lidar com uma gravidez? Tentem saber o bastante acerca de vós próprios de forma a compreender quando deverão pedir ajuda e quando se sentirão confortáveis a fazer o que podem realmente fazer. Não fiquem sozinhos se tiverem que pedir ajuda. Mas façam sempre o que puderem com o vosso coração.

Se acreditares, Chegas lá! Acredito plenamente nestas palavras e vivo por elas. No que respeita a ser pai ou mãe, é uma dádiva que receberás e que te irá, constantemente, surpreender, fazer-te rir, fazer-te chorar, e encher o teu coração e a tua alma com a melhor de todas as formas de amor – o amor incondicional.

Amy Blanchard

Abaixo, está uma imagem do texto original.






(thank you so much, Amy! And sorry about the zone time effect... :-))

30 de maio de 2007



Praia da Vagueira, Vagos. Janeiro de 2007. Ponto de Visão: 275 metros.Coordenadas: as mesmas.

29 de maio de 2007

A qualidade das actividades lúdicas destinadas a pessoas com deficiência e, em especial, a pessoas com Spina Bifida e/ou Hidrocefalia parece conhecer um interesse crescente por parte de técnicos, dos afectados e das próprias famílias das crianças, jovens e adultos com esta doença. A eventual redução da mobilidade, da continência de esfíncteres, das capacidades sensoriais e as já reconhecidas dificuldades de memória de curto prazo, de concentração, de localização espacial e temporal e daquilo a que usualmente se chama raciocínio lógico podem ser componentes a ter em conta na estratégia ocupacional de pessoas que poderão, até certa altura, ter dificuldades específicas de integração e de aceitação social.

Assim sendo, a pergunta será, mais que nunca, à volta da melhor forma de desenvolver as capacidades destas pessoas de modo a torná-las melhores naquilo em que são realmente boas, bem como razoáveis naquilo em que poderão não ter tanto sucesso. O jogo, pelo lado normalmente competitivo, sistemático, relacional (se for, eventualmente, possível estabelecer uma relação com uma consola...) e, por vezes, interiormente representativo (no sentido da superação) que tem, pode ser uma forma, entre e em relação com outras formas, de estimular, de "picar", pondo um desafio a quem joga: acordar para o mundo e para os outros, adquirindo uma consciência social de si próprio, seja lá o que isso, um dia mais tarde, for ou possa vir a ser.

Uma das formas (e repita-se isto as vezes que forem necessárias...) de lidar com esta questão está aqui, num link do site de um centro norte-americano dedicado ao estudo do desenvolvimento humano e à pesquisa na área dos comportamentos - Waisman Center, num trabalho publicado pela congénere norte-americana da ASBIHP - a SBAA.

No mínimo, interessante e, se calhar, raro. Ou não, como prefiro dizer.

28 de maio de 2007







Em primeiro lugar, o meu trabalho é baseado no fascínio que tenho pela forma humana, e como a sua percepção é transformada em sonho - o que me liga ao meu interesse pelas representações da deficiência na arte figurativa e nos media. Tenho interesse em casar a vontade consciente à inspiração subconsciente, tanto pela forma como pela técnica. Trabalho sob uma variedade de suportes, como: banda desenhada, pintura, carvão, lápis de cores, aguarela, filme, arte digital e fotografia (por photoshop, painter e Illustrator, essencialmente).

Al Davison. Nasceu em 1960, em Newscastle, no Reino Unido. Mora em Coventry. Casado, é dono de uma galeria de arte, Astral Gypsy, que define como uma janela para a arte da imaginação.

Tem Spina Bifida.

imagens: Al Davison, Life study of Louise, 1984 (aprox.), lápis e tinta em papel, 42 x 29.7 (à esquerda), e clubfoot, 2005, acrílico em tela, 42x29.7 (à direita), aqui

25 de maio de 2007

Um grupo de investigadores do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade de Ottawa, no Canadá, projectou e realizou um estudo acerca das possíveis implicações do aparecimento de doenças do tubo neural (como a Spina Bifida e a Hidrocefalia) e a gravidez na adolescência.

O risco parece ter sido, efectivamente, comprovado: A conclusão do estudo, levado a cabo entre 5.542.861 mulheres norte-americanas abaixo dos 35 anos e com um filho nascido entre 1995 e 2000, aponta para o seguinte facto:

em comparação com a gravidez em estado adulto (dos 20 aos 34 anos de idade), a gravidez na adolescência (aqui, entre os 13 e os 19 anos) indicia o aparecimento de anomalias no sistema nervoso central, gastro-intestinais e músculo-esqueléticas. Neste primeiro aspecto - o sistema nervoso central -, a spina bifida (mielomeningocelo), hidrocefalia, anencefalia e microcefalia são aspectos a considerar.

Medidas de planeamento familiar e informação acerca deste riscos são assuntos cada vez mais importantes por entre esta população.

Imagem: Greg Miller, aqui. Desculpem-me, mas tenho que o dizer: o melhor fotógrafo do mundo.

24 de maio de 2007

Sardinhas, pois, ao alto: conforme já agendado no calendário de actividades para este ano, a ASBIHP vai realizar
a sardinhada do costume, comemorativa da época dos Santos Populares em Lisboa. As sardinhas rumarão à sede da associação no dia 16 de Junho, por volta das 15 horas, sendo que devem chegar um pouco antes para poderem ser assadas.

A cerveja, os caracóis, as febras, a entremeada e outros alimentos saudáveis deverão, igualmente, marcar presença.

Este Sábado, que, como sempre, será ventoso, contará ainda com a presença dos sardinhantes, as pessoas que irão à sardinhada e que comprarão rifas como se não houvesse amanhã. Se tudo correr bem, será mais ou menos assim.

Ou mais ou menos assado.

21 de maio de 2007

Uma equipa de cientistas do Departamento de Neurocirurgia da Universidade de Tuebingen põe a hipótese do risco de infecção que pode advir da implantação cirúrgica de válvulas diminuir se as mesmas estiverem impregnadas de antibiótico.

O estudo foi recentemente realizado e, durante um período de 24 meses, foram efectuadas várias intervenções cirúrgicas com vista à colocação de válvulas.

Da análise dos 258 pacientes submetidos a este estudo, verificou-se que, no que respeita à colocação de válvulas impregnadas de antibiótico, o risco de infecção parece diminuir em cerca de 5,8% dos casos.

Mesmo que sejam necessários estudos mais longos, mais demorados e com maior representatividade, pode sugerir-se ser esta uma das possíveis soluções para a introdução sem problemas de válvulas normalmente usadas no tratamento, por exemplo, de hidrocefalia, um problema que, recentemente, tem vindo a conhecer um forte incremento e interesse científicos.

O resumo do referido estudo está aqui.

Imagem: Asociación Malagueña de Espina Bifida, aqui.

17 de maio de 2007

A prevalência de casos de HIV/Sida em pessoas com deficiência é um assunto praticamente inexplorado em Portugal. A sexualidade das pessoas com deficiência, não necessariamente diferente da sexualidade considerada normal, pode assumir várias formas, isto é, pode, eventualmente e dependendo das características de cada uma das deficiências, implicar uma maior originalidade.
Ou não.

No caso das pessoas com Spina Bifida e Hidrocefalia, e mesmo a nível mundial, os recursos científicos sobre esta questão são ainda mais escassos.

Quando se fala neste assuntos, é possível que se pense que estamos a entrar no quarto das pessoas, a invadir um reduto que atravessa o lado mais íntimo das suas vidas. Tal é realmente possível, mas não necessário.

No entanto, falar sobre o HIV e as doenças sexualmente transmissíveis relativamente às pessoas com deficiência é fundamental quando se sabe que, por exemplo, o índice de contaminação pelo HIV nos Estados Unidos dentre pessoas surdas é o dobro do índice estimado para membros da população com audição normal ou, mais um exemplo, quando se sabe que, no Uganda, 38% das mulheres e 35% dos homens portadores de deficiências relataram ter tido uma doença sexualmente transmissível em algum momento da vida.

Especulando um pouco, pergunto: que relação poderá existir – mais um exemplo - entre a disfunção eréctil e o uso do preservativo? Entre a capacidade de lubrificação sexual e a existência de feridas? São questões a pensar, algumas delas analisadas neste estudo em língua Portuguesa, capturing hidden voices (em Português, capturando vozes escondidas) levado a cabo em 2004 por iniciativa do Banco Mundial e da Escola de Saúde Pública da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.

A ver, apesar de extenso. Existe uma versão reduzida dos factos relativos ao estudo, em folheto informativo, aqui.

Fonte: Banco Mundial

A compra (ou troca) de automóveis para pessoas com deficiência parece estar algo facilitada. No entanto, a medida parece aplicar-se, para já, apenas ao mercado norte-americano: a BMW (Bayerische Motoren Werke, ou Fábrica de Motores da Baviera), segundo dados do Clube Americano de Automóveis desta marca, financiará as necessárias adaptações, devidamente homologadas e aprovadas, à condução destes veículos por parte de pessoas com deficiência ou por quem, autorizado, o faça.

Em teoria, e tendo em conta o mercado luso, tais adaptações são financiadas pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) desde que toda a burocracia (que é realmente muita e bastante desmotivante) seja, efectivamente, cumprida. Na práctica, as situações que derivam da quantidade de formalidades a cumprir são, por vezes, ridículas e despropositadas. É certo que o preço dos automóveis da prestigiada marca é relativamente alto e que a compra de um destes veículos não estará, na maior parte das vezes, condicionada pelo valor das adaptações a fazer.

No entanto, a atitude da BMW, a confirmar-se e a estender-se ao mercado nacional, é de ter sempre em conta.

14 de maio de 2007

A Amnistia Internacional, em conjunto com outras organizações pela defesa dos Direitos Humanos, lançou uma petição acerca da necessidade de assegurar a manutenção, pelas Nações Unidas, daquilo a que se chamam, hoje, procedimentos especiais – um conjunto de medidas levadas a cabo por pessoas especializadas em várias áreas que, destacadas pelas Nações Unidas, promovem a qualidade de vida e os direitos de outras pessoas que, alegadamente, estejam a ser vítimas de discriminação, de violência generalizada, da guerra, de falta de alimentos ou de situações que possam por em causa a sua dignidade enquanto homens e mulheres.

Muitas dessas pessoas poderão, como rapidamente se conclui, possuir deficiências. Assim, faz necessariamente sentido alertar, também por aqui, para a existência desta petição e da possibilidade de, não tomadas medidas, estes procedimentos especiais poderem conhecer alterações profundas limitadoras da sua acção.

O debate será mantido no seio das Nações Unidas até 7 de Junho, a altura em que, se nada for feito, poderão ficar muitas outras coisas igualmente por fazer. A petição on-line pode ser encontrada neste link, conforme anunciado na newslleter da ASBIHP da passada semana.

imagem: o grito, por Vidi, neste link

11 de maio de 2007

Superação Humana

O Homem desde sempre que se tentou superar a si mesmo.

Cada etapa conseguida abria portas a que novas surgissem.

No caso da pessoa com deficiência esse conceito ganha nova dimensão, quando se sabe que as etapas mais simples numa maioria podem ser as mais complicadas numa minoria, como é o caso.

Quantos de nós já nos demos a sentir derrotados às primeiras e rodimentares vicissitudes com que nos deparamos?

A questão essencial está na força de vontade...ou na vontade de ter força.

Vão a este link e pensem no que aqui leram, sempre com a ideia de que antes de se saber se é possível nunca se pode pensar que é impossível;

http://www.glumbert.com/media/sitting



Investigadores do Centro Nacional de Doenças Raras, da secção de bioestatística de um Centro Médico - Rikshospitalet-Radiumhospitalet HF– e do Hospital de Reabilitação Sunnaas, ambos na Noruega, elaboraram um estudo acerca das úlceras de pressão, as famosas escaras que tanto trabalho e preocupações dão à maioria das pessoas com Spina Bifida, família e amigos.

Do estudo, pode concluir-se que é nos pacientes com mielomeningocelo, uma das formas mais sérias de Spina Bifida, que as escaras acontecem com mais frequência. Por outro lado, para além desta particularidade, são mais frequentes em pessoas que possuam défice sensorial (redução ou ausência de sensibilidade), défice de memória ou sofram da malformação de Arnold-Chiari.

A relação aqui demonstrada entre estas características e a prevalência de escaras está de acordo com outros estudos já elaborados, o que leva a pressupor que todo o cuidado é pouco relativamente a estas pessoas quanto ao aparecimento de úlceras de pressão – não só estas como todas as outras pessoas, no fundo, que tenham Spina Bifida e, de uma ou de outra forma, possuam algumas destas características.

Como evitar as escaras por pressão? Não havendo ainda uma maneira absolutamente segura de o fazer, é altamente recomendada a inspecção, se possível diária, da pele e de pequenas alterações (cor, textura, etc.) que neça possam surgir, bem como a higiene clara das zonas mais sujeitas a pressão. Esta inspecção tanto pode ser feita pelas próprias pessoas como, se tal não for possível, por alguém que as ajude nessa tarefa.

Incómodo, pouco práctico, chato? Talvez. Mas quase sempre necessário, porque as escaras, para além de não aparecerem do nada, são uma ameaça não só à qualidade de vida destas pessoas como, em casos mais difíceis, à sua própria vida.

fonte: If e www.cerebrospinalfluidresearch.com
imagem: piel, por Sascha Huttenhain, neste excelente blog...

9 de maio de 2007

Riva Lehrer é uma pintora norte-americana nascida em 1958, em Cincinnati, que foi adquirindo notoriedade pública nos Estados Unidos. É, hoje, uma das artistas mais promissoras da sua geração. Tem Spina Bifida. O seu trabalho é definido pela própria desta forma verdadeiramente singular

O corpo é a primeira história, o nosso primeiro texto. Eu vejo-te, tu vês-me,
pele, ossos, olhos, cabelo: como o fio de água que desagua lentamente no rio.
Repara nos milhares de representações de sexo, nação, dinheiro, pistas dirigidas
tanto ao que nos é familiar como àquilo que não nos é. Lemos e decidimos tudo
num piscar de olhos. Quando ossos e sangue nos mostram formas que nos não são
familiares, os juízos que fazemos instalam um muro primordial, rígido entre mim
e ti. Pinta a história da tua superfície e dos teus ossos explicitamente,
inevitavelmente, e pergunta a ti próprio o que temias antes e o que, agora,
pensas de ti


O seu trabalho pode ser conhecido, de uma forma rápida, no seu site.

imagem: Riva Lehrer, Pattern, 1995 (acrílico em painel)

8 de maio de 2007

O número 10 da revista “Spina Bifida” ainda não está nas bancas, mas é bem possível que esteja já na sua caixa de correio. Se é sócio da associação, deverá estar já na posse da primeira edição deste ano. Com um grafismo renovado e um ar mais claro, a instituição pretende modernizar esta forma de comunicação, tornando-a mais próxima dos leitores.
Dos temas desta edição, destacam-se o XIII encontro nacional de pais e afectados de spina bifida, que decorreu em Albufeira, e a inauguração da sede da delegação Centro da associação, em Coimbra.

Reclamações, dúvidas e sugestões são sempre bem recebidas. Façam-no para asbihp@sapo.pt, por telefone ou fax ou mesmo por via postal para a ASBIHP.


7 de maio de 2007

Dados que algumas das pessoas com Spina Bifida rondarão, no que respeita ao grau de incapacidade, a casa dos 80%, é importante dar conta, no âmbito da política destinada a clientes com necessidades especiais da CP – Comboios de Portugal, empresa pública, que existe um acordo tarifário celebrado entre esta empresa e o Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência - SNRIP, que estabelece duas coisas: por um lado, cria a tarifa 2 em 1, que permite que os acompanhantes de pessoas com incapacidade igual ou superior a 80% viajem gratuitamente no mesmo comboio.

Este acordo é válido apenas em 2ª classe para os serviços Alfa Pendular, Intercidades, Regional, Inter-Regional e serviços urbanos de Lisboa e Porto. Para dele poderem usufruir, as pessoas com deficiência têm que apresentar, aquando da compra dos bilhetes, o atestado de incapacidade multiusos e o bilhete de identidade.

Por outro lado, este acordo estabelece uma redução de 25% na compra dos bilhetes para pessoas portadoras de deficiência nos serviços regionais (Regional e Inter-regional) e nos serviços de longo curso (Alfa Pendular e Intercidades). Por um lado, estas pessoas terão que possuir o cartão de deficiente (algo que, penso, pode ser solicitado junto dos serviços da CP), que tem validade por dois anos, bem como terão que ter baixos rendimentos, seja o que isso possa ser para a empresa.

Ficamos a saber isto e algo mais consultando uma página do site da CP, onde existe informação sobre a criação da figura do provedor para o cliente CP com necessidades especiais, o SIM – Serviço Integrado de Mobilidade e as acessibilidades (ou não...) existentes nas estações e a possível (embora pouco provável) ligação das mesmas ao equipamento aí existente.

Fonte: CP e SNRIPD

3 de maio de 2007


Não digam nada a ninguém, mas 2007 D.C. é o ano europeu da igualdade de oportunidades para todos. 2006 foi o ano europeu da mobilidade dos trabalhadores. 2005 foi ano europeu da cidadania pela educação. 2004 foi o ano europeu da educação pelo desporto. 2003 foi o ano europeu das pessoas com deficiência.


Isto promete.

A actividade sexual d@s afectad@s de Spina Bifida, embora menos frequente que a actividade da população em geral, parece ter menos impacto na qualidade de vida dessas pessoas. A notícia, relativamente curiosa, resulta de um estudo levado a cabo por investigadores de um hospital pediátrico em Philadelphia, nos EUA - Children's Hospital of Philadelphia.

A equipa, liderada por Jenny Lassmann, urologista, e composta por Howard M. Snyder e colegas, estudou o impacto da vida sexual d@s afectad@s de Spina Bifida através de um grupo de 76 pessoas ( 34 mulheres e 32 homens) cuja média de idades rondava os 24 anos, analisando factores com o grau de incapacidade, a mobilidade ou a hidrocefalia possivelmente associada, bem como a forma de esvaziamento da bexiga e o grau de incontinência urinária, se presente.
D@s 76 afectad@s, 24% eram sexualmente activ@s, e por comparação com outras populações, o início da actividade sexual destas pessoas acontecia de uma forma mais lenta.

O que é, de facto, de notar, parece ser o ponto em que se pode deduzir que os níveis de qualidade de vida das pessoas com Spina Bifida parece, mediante aquele estudo e aquela população específica, não se alterar de forma significativa entre pessoas sexualmente activas e pessoas sem actividade sexual (seja lá o que isso for...). No entanto, sugere Lassman que o status psicológico e funcional referente às pessoas com Spina Bifida sexualmente activas pode espelhar de forma mais concreta o status da população em geral, fazendo, para tal, referência ao facto de as pessoas sexualmente activas não terem, de forma geral, tido hidrocefalia e tenderem a viver de forma mais independente.

Refere, ainda, Lassman não ter encontrado ligações significativas entre actividade sexual e factores como idade, género, incontinência urinária ou mesmo o grau de incapacidade das pessoas submetidas ao estudo.

Infra, a tabela relativa ao apuramento dos níveis de qualidade de vida d@s afectad@s, níveis esses subtraídos do estudo:




Fonte: www.modernmedicine.org

2 de maio de 2007


Em 31 de Agosto de 2006, o Governo aprovou, por Resolução do Conselho de Ministros, o I Plano de Acção para a Integração das Pessoas com Deficiências ou Incapacidade (PAIPDI), que vigorará de 2006 a 2009, e que terá por objectivo a integração, reabilitação e a maior participação social das pessoas com deficiência em Portugal.
No âmbito dessa medida, criou um projecto – o projecto SIM-PD (Serviço de Informação e Mediação para Pessoas com Deficiência ou Incapacidade) – que, no essencial, consiste hoje na criação de um serviço de informação municipal especializado e essencialmente dirigido às pessoas com deficiência e suas famílias.
Hoje, apenas 9 das 308 autarquias do território nacional têm este serviço disponível. Alijó, Braga, Beja, Évora, Lousã, Odivelas, S. Brás de Alportel, Silves e Trofa. 2,9% das autarquias nacionais. Uma dica: é provável que o SIM-PD não esteja ainda a funcionar em pleno porque as autarquias, entre outras condições, devem possuir,

- Condições de acessibilidade quanto à rede de transporte público;
- Inexistência de barreiras arquitectónicas;
- Espaços para circulação adequados aos utentes com diversos tipos de deficiência e nomeadamente aqueles que utilizem cadeiras de rodas ou outras ajudas técnicas facilitadoras da sua mobilidade

Ou até mesmo,

- Atendimento com Língua Gestual Portuguesa para munícipes com deficiência auditiva;

Segundo o Guia Organizativo dos SIM-PD.

Assim sendo...